12/12/12 - Há quem creia no poder sobrenatural destas datas com números repetidos para dia, mês e ano. Eu, sinceramente, considero um dia como outro qualquer. Assim como também não acredito nessa história de fim do mundo pelo calendário maia. De toda forma, desejo um bom e proveitoso dia a todos vocês.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Três tombos e suas lições
Mesmo na categoria de “sequelado veterano” ainda sinto
grande dificuldade com um dos primeiros grandes obstáculos para uma vítima de
AVC: o equilíbrio é afetado em maior ou menor grau de acordo com cada caso. E
como para andar é preciso equilíbrio suficiente para manter-se de pé, sem pender
para o lado sequelado; torna-se imperativo muito exercício para restabelecer
esse domínio. Tombos são quase sempre inevitáveis. Conto aqui três deles para
exemplificar cuidados que devem ser seguidos para não se machucar. O primeiro tombo foi num domingo, voltando da
igreja.Subia a rua com a minha bengala e já na porta de casa resolvi andar
equilibrando-me na guia do meio-fio da rua, quando pendi para o lado esquerdo e não tive alternativa além
da rolada cinematográfica à La Tom Cruise em “Missão Impossível”. Saí rolando
sobre o ombro e braço esquerdos para o meio da rua. Por sorte, nesse primeiro
tombo não tive ferimentos mais sérios. O que poderia muito bem ter acontecido no
segundo tombo. Este foi bem recente. No escritório de casa, tropecei no cesto de
lixo e fui bater de cabeça e ombro na porta de vidro do banheiro. Foi caco pra
tudo que é lado, mas de novo não me machuquei. Mais recente ainda foi o
terceiro tombo, neste vítima de uma “armadilha urbana”. Foi no estacionamento de um banco em plena Avenida
Paulista. Sabe aqueles blocos de cimento ou
canos de ferro quecolocam em cada vaga para quem estaciona encostar ali
os pneus. Pois bem, foi num desses arcos de ferro tubular amarelo que eu
tropecei e esfolei braços e joelhos, além de furar minhas calças.
Desses
três tombos tirei três lições que repasso aqui para vocês:
1 – Não se pode arriscar a fazer coisas para as quais ainda não estamos aptos a realizar.
2 – A organização do ambiente que habitamos certamente evita
acidentes.
3 – as cidades, até as grandes como a que vivo, ainda não
levam à sério, como deveriam, a questão da acessibilidade para portadores de
deficiências ou dificuldades de mobilidade.
domingo, 21 de outubro de 2012
Domingo de sol
Domingo não costuma ser meu dia favorito. Porém, reconheço que um domingão ensolarado, de ócio ou não, é um dos bons prazeres da vida. A luz incidiosa da primavera clareia a alegre e barulhenta brincadeira da molecada que sai de suas casas com bolas, bicicletas, patinetes e skates.Pais e mães insistindo pro filhinhos manter os bonés na cabeça. - "esse sol no coco faz mal garoto, bebe um pouco de água pra não desidratar". E assim a primeira tarde do horário de verão espicha a luz quente do dia, prolongando também a sensação de bem estar para adentrar a fase noturna deste domingo comum e ao mesmo tempo especial por ter sido brindado com intenso sol o dia todo! Vejo aqui que amanhã tem mudança de lua. Vamos à crescente, com fé e esperança de que possamos também crescer em força e perseverança na nossa caminhada. Boa semana para todos.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Gosto muito de plantas. Lidar com elas, agua-las, limpar os vasos das ervas daninhas, tudo isso é uma excelente terapia, ainda mais agora com a Primavera chegando, todas ficam mais bonitas e se põem a florir, colorindo tudo a volta, até o mais desbotado ser ganha nova vida. Se você estiver vivendo num clima seco como o de São Paulo neste fim de inverno, lembre-se de regar suas plantinhas. Já estamos há mais de 60 dias sem uma boa chuva.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
O Dia dos Pais foi ontem, mas meu post referente escrevo hoje.
Eu jamais poderia dizer que minha vida só piorou após ter sofrido o AVC. Muita coisa foi mesmo de mal a pior neste período. Contudo, um mês depois do acidente passei a vivenciar a melhor experiência da minha vida. Tornar-me pai transformou totalmente minha vida de forma positiva. Não movia direito o corpo, mas podia amar aquela menina tanto ou até mais que um filho biológico. Ser pai me ensina muita coisa. Parabéns a todos abençoados com a dádiva de ser pai.
Eu jamais poderia dizer que minha vida só piorou após ter sofrido o AVC. Muita coisa foi mesmo de mal a pior neste período. Contudo, um mês depois do acidente passei a vivenciar a melhor experiência da minha vida. Tornar-me pai transformou totalmente minha vida de forma positiva. Não movia direito o corpo, mas podia amar aquela menina tanto ou até mais que um filho biológico. Ser pai me ensina muita coisa. Parabéns a todos abençoados com a dádiva de ser pai.
sábado, 4 de agosto de 2012
Hoje minha filha amada completa 12 anos. E é em sua homenagem que eu adianto aqui o capítulo do meu livro dedicado a Renatinha... Parabéns, filha, eu te amo.
Renatinha tinha quatro anos quando
entrou nas nossas vidas de forma arrebatadora. Aquela moreninha de cabelo liso,
tipo indiazinha, chegou num momento de profundas mudanças para mim. E
assim foi meu grande incentivo numa etapa que nem andava, mas sabia que
precisava sair daquela situação para poder correr e jogar bola num parque, como
todo pai faz com um filho. E aquela menininha vinha com seu nome tão
significativo – Renata, a renascida, nascida novamente. Era tudo o que eu
precisava dali por diante, renascer. Sei da importância do amor da minha filha
na minha volta por cima.
4/ago/2012
4 – Renascimento - Renata
4/ago/2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
2 - Volta à Vida
Cheguei à São
Paulo, pós-internação em Santos, decidido a retomar minha vida, freada
abruptamente naquele sábado fatídico de verão. A primeira providência foi fazer
algumas pequenas modificações em minha casa – como a instalação de corrimãos
nas escadas - pois adaptação era a
palavra de ordem para a recuperação.
O grande
desafio de início foi ter de reaprender a digitar só com a mão direita. Hoje eu
tiro isso de letra. A natureza é sábia e soube me recompensar com destreza
extra na mão direita. Voltar a escrever era urgente no momento, não só para
continuar a exercer minha profissão de jornalista, como fator decisivo para
obter meu diploma do curso de pós-graduação. Faltava justamente o manuscrito
final – o TCC, Trabalho de Conclusão de Curso. Foi difícil, mas escrevi várias
laudas, fiz muitos gráficos e tabelas. Tirar nota 10 e ir buscar meu diploma,
mesmo de cadeira de rodas, ouvindo minha filha gritar ‘papai’ lá na plateia foi
minha grande vitória inicial.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Conforme prometido lá vai: I - Sr. Imponderável - 1ª parte
Meu acidente foi totalmente imprevisível,
como de resto todo e qualquer acidente não tem dia ou hora para acontecer. Não
existia doença prévia alguma , pressão arterial OK, desde jovem sempre mantive
12 por 8, sem problemas, bons níveis glicêmicos e de colesterol, além de malhar
de duas a três vezes por semana numa academia. Tinha uma casa, esposa e
trabalho.
I – Sr. Imponderável
E tudo se desfez em questão de minutos, tal como deve
acontecer com quem é atropelado ou que ao menos sente uma vítima de acidente
aéreo, aliás hoje faz cinco anos, num dia chuvoso como hoje, que aconteceu o
imponderável e o avião não parou na pista e explodiu do outro lado da avenida,
matando todo mundo. Poderia imaginar ao menos uma dessas 199 vítimas que aquele
seria seu último dia? Assim também jamais poderia passar pela minha cabeça que
aquele fim-de-semana de lazer com a família em Santos marcaria o início deste
meu drama pessoal. Foi na manhã de 18 de fevereiro de 2005 que tudo começou.
Desperto às 7 horas, disposto a fazer uma caminhada pela orla. Mal sabia eu que
só viria a ter condições de voltar a andar três ou quatro passos que fossem só
depois de uns três anos, em 2008 ou 2009, não lembro bem.
Voltemos ao dia
fatídico. Eu e minha então esposa Beth dormíamos num colchão na sala. Quando
fui me levantar apareceu o primeiro sinal do AVC – Acidente Vascular Cerebral;
a perda do equilíbrio me fez cair deitado de novo no colchão, assustando Beth.
Foi ela e também meus pais que logo identificaram que eu não estava bem. Além
da perda de equilíbrio, meu rosto transfigurou – ‘entortou’ a boca e parou todo o lado
esquerdo do corpo. Curiosamente, ainda caminhei até o banheiro e tomei banho
normalmente. Esse foi meu último ato antes que minha perna, pé, braço e mão
esquerdos parassem de me obedecer. Não perdi a fala e, o principal: mantive-me
lúcido e consciente o tempo todo. Mas como minha boca entortara muito, assim
como minha voz saía ’empastada’, meus familiares acharam por bem chamar o SAMU.
O socorro veio rápido, pra minha sorte logo estava num Pronto Socorro público.
Não sei precisar quanto tempo fiquei nesse local. Só sei que logo fui
transferido para um hospital do convênio, o Ana Costa. Aí foram quatro dias na
UTI. Tomografias computadorizadas confirmaram um AVC Isquêmico. Com o lado
esquerdo todo do meu corpo paralisado, eu senti medo. E mesmo com todo o sentimento de impotência
frente àquela situação, eu acreditei que
poderia superar o baque e me recuperar. Estava, sim, abatido com a
impossibilidade de comandar o próprio corpo, um dedinho ao menos, mas nada...
Quase oito anos após ter sofrido um AVC isquêmico resolvi por no papel minha experiência e história de luta e superação. O livro está pronto. Enquanto não consigo editá-lo e coloca-lo à venda resolvi divulgá-lo oferecendo trechos aqui na net para os interessados. Meu próximo post será o primeiro capítulo do meu livro. Espero que gostem do material e que seja útil para aqueles que, assim como eu, tiveram que encarar a pesadíssima barra da aceitação, adaptação e superação de sequelas.Apreciem e comentem. Abraços a todos
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