Três tombos e suas lições
Mesmo na categoria de “sequelado veterano” ainda sinto
grande dificuldade com um dos primeiros grandes obstáculos para uma vítima de
AVC: o equilíbrio é afetado em maior ou menor grau de acordo com cada caso. E
como para andar é preciso equilíbrio suficiente para manter-se de pé, sem pender
para o lado sequelado; torna-se imperativo muito exercício para restabelecer
esse domínio. Tombos são quase sempre inevitáveis. Conto aqui três deles para
exemplificar cuidados que devem ser seguidos para não se machucar. O primeiro tombo foi num domingo, voltando da
igreja.Subia a rua com a minha bengala e já na porta de casa resolvi andar
equilibrando-me na guia do meio-fio da rua, quando pendi para o lado esquerdo e não tive alternativa além
da rolada cinematográfica à La Tom Cruise em “Missão Impossível”. Saí rolando
sobre o ombro e braço esquerdos para o meio da rua. Por sorte, nesse primeiro
tombo não tive ferimentos mais sérios. O que poderia muito bem ter acontecido no
segundo tombo. Este foi bem recente. No escritório de casa, tropecei no cesto de
lixo e fui bater de cabeça e ombro na porta de vidro do banheiro. Foi caco pra
tudo que é lado, mas de novo não me machuquei. Mais recente ainda foi o
terceiro tombo, neste vítima de uma “armadilha urbana”. Foi no estacionamento de um banco em plena Avenida
Paulista. Sabe aqueles blocos de cimento ou
canos de ferro quecolocam em cada vaga para quem estaciona encostar ali
os pneus. Pois bem, foi num desses arcos de ferro tubular amarelo que eu
tropecei e esfolei braços e joelhos, além de furar minhas calças.
Desses
três tombos tirei três lições que repasso aqui para vocês:
1 – Não se pode arriscar a fazer coisas para as quais ainda não estamos aptos a realizar.
2 – A organização do ambiente que habitamos certamente evita
acidentes.
3 – as cidades, até as grandes como a que vivo, ainda não
levam à sério, como deveriam, a questão da acessibilidade para portadores de
deficiências ou dificuldades de mobilidade.